Eduardo Athayde

ESG NA PRÁTICA

Por Eduardo Athayde
Diretor da Rede WWI (Worldwatch Institute) no Brasil

A ESG vem se consolidando como um tema-chave há mais de 20 anos. Abordada nos relatórios internacionais do Worldwatch Institute (WWI) na virada do milênio, ganhou energia após o lockdown global da COVID-19, quando governos se comprometeram com novas metas, enquanto a academia, empresas e investidores passaram a aportar recursos científicos, tecnológicos e financeiros em iniciativas com perfis transparentes da Governança Socioeconômica e Ambiental (ESG) – enfatizamos “Socioeconômica” como fidúcia para a sustentabilidade.

Com o crescente escrutínio sobre questões relacionadas ao clima, as empresas não têm outra escolha senão acelerar suas estratégias climáticas e alavancar a força-tarefa sobre o relatório de Divulgações Financeiras Relacionadas ao Clima (TCFD). A conformidade com o TCFD, na verdade, não será mais voluntária para a maioria das empresas europeias, pois já existe um requisito legal para o alinhamento com o TCFD no Reino Unido, e uma sintonia está próxima entre o TCFD e a Diretiva de Relatórios de Sustentabilidade Corporativa (CSRD), recentemente aprovada pelo Conselho Europeu, que amplia de 11.700 para cerca de 50.000 o número de empresas que serão obrigadas a reportar informações sobre sustentabilidade baseadas na ESG.

Empresas focadas em inovar e diminuir riscos, escalar espaços e competir melhor para atingir boa reputação estão cientes de que adicionalidades, como a sua marca valorada e precificada, podem ser fatoradas nos balanços, atraindo mais clientes, mais investidores e a atenção favorável dos reguladores do mercado. Nesse embalo, startups com um mix de profissionais egressos de grandes empresas e jovens experts entram no jogo do ecossistema global, hoje alimentado pelo chat GPT.

O Índice S&P/B3 Brasil ESG, que procura medir a performance de títulos que cumprem critérios de sustentabilidade, ponderado pelas pontuações ESG da S&P DJI, exclui ações com base na sua participação em certas atividades comerciais, no seu desempenho, em comparação com o Pacto Global da ONU, e também empresas sem pontuação ESG da S&P DJI.

Pioneira, a bicentenária Associação Comercial da Bahia (ACB) foi a primeira a assinar o Pacto Global, em 2014.

Enquanto a inteligência nova, contida na plataforma de planejamento oferecida pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS/ONU), que funciona como manual para a ESG – vem incentivando a colaboração aberta entre as lideranças mundiais que moldam diferentes setores da economia, a Inteligência Artificial, induzida pela inteligência natural do homem, com acúmulos civilizatórios, está criando novos circuitos e sinergias geoeconômicas globais.

Ninguém quer ficar para trás. Atenta, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) lançou a Norma ABNT PR 2030, o primeiro documento normativo do Brasil e do mundo em ESG, baseado nos ODS, que estabelece conceitos, diretrizes, modelo de avaliação e direcionamento para organizações sobre a agenda ESG.

“O objetivo é ajudar as organizações a entenderem em qual grau de maturidade da nossa jornada ESG elas estão. É importante para que cada empresa possa avaliar o que precisa fazer para que possa se transformar e avançar na sua jornada. E, claro, alinhada aos compromissos internacionais, em particular com os ODS”, afirmou Claudio Guerreiro, gerente de Normalização Nacional da ABNT. “O crescimento extraordinário do movimento ESG está ameaçado pela falta de alinhamento e acordo sobre conceitos fundamentais e, no pior dos casos, crescentes reivindicações de greenwashing”, disse Steve Varley, vice presidente global de Sustentabilidade da Ernst & Young.

Guerreiro tem razão, mas “os conceitos e princípios fundamentais da ciência são invenções livres do espírito humano”, como nos ensina Einstein. Tanto a ciência da administração quanto as boas práticas são aplicadas a partir da visão, criatividade, competência e da liberdade do gestor. Na era ESG, o greenwashing, analisado ao vivo pela Inteligência Artificial, cai nas redes neurossociais e, em segundos, adeus, reputação!

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