Paulo Cavalcanti

VAMOS DAR UM PLUS NO ESG?

Por Paulo Cavalcanti
Presidente da Associação Comercial da Bahia, Fundador da Fundação Paulo Cavalcanti, Escritor, Filósofo, Empresário e Advogado.

ESG, ODS, ISO, compliance, stakeholders. O ambiente de negócios apresenta um mar de letrinhas, certificações e normas que obrigam os indivíduos a buscar compreendê-las e adequá-las às práticas gerenciais de empresas e governos, sempre em busca do melhor para a sociedade.

A sigla em inglês ESG, que representa a sustentabilidade ambiental, social e de governança, é uma das mais destacadas atualmente e cada vez mais determinante para a atração de novos investimentos, crescimento econômico e reputação das corporações empresariais
mundo a fora.

Mas, como fazer para que estes novos conceitos realmente consigam atingir a todas as pessoas da mesma forma, em qualquer parte do mundo? A parcela da população brasileira analfabeta funcional ou que está na informalidade, por exemplo? Empresas que não contam com um setor de recursos humanos, principalmente as micro, pequenas ou de médio porte?

Vivemos um mundo onde a concentração de riqueza é evidente. E isso tem feito com que os principais fundos de investimentos e as mais destacadas companhias com ações em bolsas de valores, uma minoria com condições de manter uma boa gestão de recursos humanos, por exemplo, estejam buscando iniciativas que promovam o desenvolvimento econômico inclusivo e sustentável. Todas são louváveis e merecem ser apoiadas por quem entende estes movimentos realmente bem intencionados.

Mas no Brasil, onde mais da metade da força de trabalho está na informalidade e não tem sentimento de autoestima cidadã e pertencimento, compreender e adequar as letrinhas que compõem o ESG é uma tarefa complexas. Necessitamos de complementariedade e uma maior profundidade em nossas ações para obtermos efetividade e atingirmos toda sociedade.

Se queremos um desenvolvimento econômico e social sustentável verdadeiro, inicialmente devemos enfrentar nossos desafios internos e oferecer soluções e alternativas para questões como a ineficiência na oferta de serviços públicos como educação, saúde, saneamento básico, segurança e inclusão socioeconômica.

Em meu livro “E aí? Isso é da minha conta?”, deixo claro que as necessárias transformações passam por um movimento de abrangência nacional que leve ao fortalecimento de uma nova filosofia política, econômica e social que seja feita de forma simples e direta, compreendida e praticada por pessoas de todo país, de todas as classes sociais ou nível de conhecimento.

Como a minha filosofia política e social da consciência cidadã participativa transformadora, promovo o ativismo da função social da empresa e também um movimento criado para atingir a todos que hoje vivem uma realidade paralela, uma maioria composta por trabalhadores informais, desempregados e muitos outros que se sentem excluídos e sem sentimento de pertencimento, mas que ajudam a movimentar a economia subterrânea,
responsável por uma fatia significativa da economia brasileira, fora do alcance do Estado.

Particularmente no Brasil, o ESG precisa estar vinculado ao fortalecimento da nossa democracia participativa. É a partir do diálogo, do acolhimento, da inclusão e da ampla participação que formataremos as melhores práticas adequadas a nossa realidade.

E tudo isso precisa ser observado com urgência, principalmente por quem tem capacidade de liderar este movimento em nosso país. Neste sentido, acredito na força do associativismo empresarial, na união das associações comerciais, federações, confederações, sindicatos e
demais organizações da sociedade civil que possam se unir para contribuir com a gestão do Estado brasileiro.

A Fundação Paulo Cavalcanti traz essa complementariedade em suas ações, que incluem um selo de reconhecimento da gestão consciente da função social da empresa – o S-Gescon, que atua junto às micro, pequenas e médias empresas, além de um movimento de conscientização e participação transformadora voltado para todos os cidadãos brasileiros, – o Via Cidadã.

Se quisermos transformar o nosso ambiente econômico e social de forma sustentável, precisamos unir essas letrinhas, normas e selos, tudo dentro de um movimento de acolhimento e promoção dos pilares da autoestima cidadã, que nos leve a alcançar juntos as mudanças que o ESG e nós tanto pretendemos.

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