Enio Carvalho

COMO CONQUISTAR UM BOM POSICIONAMENTO NO MERCADO. QUAL A MELHOR ESTRATÉGIA?

Por Enio Carvalho,
Profissional de Marketing há 50 anos.
Formado em Administração pela Universidade Federal da Bahia e Mestre em Gestão de Negócios pela Faculdade Internacional de Lisboa

Quando abracei o Marketing na década de 70, lembro bem das recomendações do chefe, de que precisávamos pensar sempre nos clientes – razão de ser de qualquer negócio. Os resultados almejados passavam pelas preocupações diárias que deveríamos ter para com os clientes fora da empresa. O lucro advinha da plena satisfação do consumidor. Recordo que durante uma das visitas feitas a uma boa agência de propaganda do Sul Maravilha, encontramos uma plaquinha na porta que dizia: “pessoas felizes fazem outras felizes e consequentemente produtos e clientes felizes “.

Tudo girava em torno de quem comandava. Vivenciei isso no local onde trabalhava e constatei sua existência em empresas comandadas por figuras lendárias, como Roberto Duailibi, na DPZ, João De Simoni, do Grupo De Simoni Associados, Walter Longo, dentre muitos outros, que transmitiam esse bem-estar para suas equipes, o que desaguava em trabalhos fascinantes para os clientes. Os comandantes dessas empresas davam o tom. Não visavam apenas ao lucro como os mais desavisados.

Vejam bem. Estamos falando da década de 70, mais precisamente 1975, ou seja, há quase 50 anos. De lá para cá, na esteira dos negócios, várias ondas surgiram. Os modismos que as vezes querem tomar conta do mercado, muitas vezes procuraram distorcer o significado das coisas, criando neologismos para ajudar a vender melhor seus peixes. Quando na realidade precisávamos apenas respeitar os consumidores, fazendo um relacionamento para sempre.

Ultimamente começou a era da sopa de letrinhas. Aí passamos a conviver com o ESG, IA, siglas de chefias, e um monte de nomes no sentido de embaralhar as cabeças. Tudo derivando das preocupações climáticas e da velocidade em que viajava o mundo. Passamos, graças a Deus, a valorizar a redução dos desperdícios, a reutilização das embalagens, os cuidados com o que jogávamos fora, as economias de energia e água e a sustentabilidade com tudo que o planeta nos proporcionava.

Daí vieram outras preocupações com as transparências nas relações com o mercado. Isto já era um grande passo. Preocupar-se com as vidas de quem consumia nossos produtos e serviços, de quem precisava da gente. Passamos a valorizar um “bom dia”, que deveria ser obrigação de todos. Esse pacto por uma vida melhor levou-nos a valorizar essas sopas de letrinhas, onde o ESG se esconde.

Passamos a valorizar o que estávamos fazendo. Avaliar qual estágio em que nos encontrávamos, concluindo que as empresas mais lucrativas eram as que estavam engajadas no espírito do ESG. Estavam melhor as que praticavam um capitalismo consciente, sabendo que o grande objetivo não era o lucro e sim a satisfação dos clientes.

Somos um país essencialmente esportivo. Precisamos passar isto para as nossas equipes, combinando garra com serenidade, para evitar situações como a ocorrida nesta última Copa do Mundo Feminina, em que prevaleceram o preciosismo e o individualismo. Não tivemos Envolvimento, nem tampouco Sustentamos um modelo de jogo vitorioso, e nossa Governança parecia estar com a cabeça em outro lugar. Provavelmente na seleção americana.

Posicionamento se conquista com equipes felizes, bem entrosadas, que miram os consumidores, procurando deixá-los mais satisfeitos e atendidos. Percebemos assim como o mundo gira, mas os princípios pelos quais desenvolvemos produtos e serviços passam pelo bem-estar dos clientes.

Até porque os clientes conseguem perceber facilmente quando as marcas não estão comprometidas com o ESG e estão apenas surfando na moda. Só terão benefícios em suas estratégias de marketing aqueles que aplicam esse conceito na prática. E, para isso, é fundamental entender o consumidor e quais ações se conectam diretamente com eles, desenvolvendo ações dentro da empresa para engajar o público interno e propagar conteúdos relacionados a essas ações.

Não reinvente a roda. Olho no olho do cliente pensando bem para dentro e para fora. Envolva-os, respeite suas necessidades e desejos, sustente isso e procure ser ético. Isso é o essencial. Os líderes atuais sabem disso. Há de se combinar a responsabilidade socioambiental, sustentabilidade e governança corporativa. O ESG não vai salvar o mundo. Mas vai ajudar muito. Essa onda positiva cresce na esteira dos negócios.

O ESG sem dúvida reflete em um componente estratégico. Adotar uma postura mais consciente e engajada é um bom negócio para todos.

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