Carlos Henrique Passos

IMPACTOS DO ESG NO SEGMENTO INDUSTRIAL

Por Carlos Henrique Passos
Presidente em exercício da FIEB

O setor industrial da Bahia ocupa a sétima posição na indústria de transformação do Brasil e a maior da Região Nordeste. Tem valor da Transformação Industrial (VTI) superior a R$ 52,6 bilhões e representa quase 40% de todo o Nordeste, além de ter uma matriz diversificada e complexa, com processamento de produtos de alta tecnologia, tendo como destaque o Polo Industrial de Camaçari, e, mais recentemente, a atração de parques industriais de energias renováveis.

A indústria baiana é responsável por mais da metade da arrecadação de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e, emprega diretamente 437 mil trabalhadores com carteira assinada, gerando uma massa salarial anual superior a R$ 10 bilhões. A indústria contribui de forma relevante para melhoria da qualidade de vida dos baianos, gerando emprego e renda.

Temos, no entanto, alguns desafios, a começar pela necessidade de um processo de neoindustrialização, para retomada de crescimento econômico resiliente e de baixo carbono. Amplificar a consciência global sobre o impacto das mudanças climáticas e da perda da biodiversidade sobre as populações e territórios, bem como, sobre a oferta de matérias-primas e insumos são aspectos que vêm ganhando relevância na agenda industrial. É neste contexto que o ESG – Environmental, Social, Governance – surge como instrumento norteador de práticas de gestão e tecnologias sustentáveis, em consonância com políticas governamentais e de regulação globais.

Para atender aos requisitos, a indústria necessita cada vez mais adotar relatórios de desempenho alicerçados nos critérios de ESG, evitando a prática do greenwashing, ou divulgações falsas de sustentabilidade. Para isso, é necessário atribuir responsabilidades às empresas, viabilizando investimentos sustentáveis, como títulos verdes, acesso a créditos diferenciados e menor custo do capital.

Em 2020, o volume global de investimentos sustentáveis alcançou USD 35,3 trilhões. De acordo com a Bloomberg Intelligence, os ativos globais ligados à agenda ESG provavelmente irão ultrapassar US$ 53 trilhões até 2025. São sinais positivos.

Empresas que adotam ESG se beneficiam com a diversidade nos seus ambientes de trabalho, com a redução dos passivos trabalhistas, dos custos e o uso consciente dos recursos naturais. Os ganhos incluem ainda o uso de fontes de energia renovável e materiais mais duráveis, mais segurança na proteção de dados, maior transparência nos processos e decisões, além de incentivos fiscais. Adotar boas práticas impacta ainda na valorização da imagem perante consumidores e no relacionamento com os funcionários.

O comprometimento do setor industrial baiano na adoção de conceitos e ferramentas baseados no ESG funciona como fator impulsionador de melhor desempenho operacional, exercício da transparência e do diálogo com as partes interessadas.

Em alinhamento com as diretrizes da Confederação Nacional da Indústria, a FIEB tem como prioridades para a indústria baiana na agenda ESG a capacitação, incentivo e disseminação de práticas de gestão e tecnologias, bem como o alinhamento de cadeia de valor, especialmente as pequenas e médias empresas industriais. Conectar ESG e Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) nas estratégias corporativas e o exercício da transparência na comunicação com as partes interessadas, a partir de relatórios – GRI, Indicadores ETHOS, ODS e ESG – fazem parte desta agenda.

A Federação das Indústria do Estado da Bahia, enquanto indutor de políticas sustentáveis, tem se comprometido na construção desta nova realidade. Em 2022, aderiu ao Pacto Global da Organização das Nações Unidas e, em 2023, implantou o Hub ODS Bahia, a regional baiana de empresas comprometidas com o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 2030.

Além desta iniciativa, a Federação promove o Prêmio FIEB Indústria Sustentável que este ano chega à 14ª edição e reconhece projetos inovadores adotados pelas empresas. É desta forma que a FIEB atua para mobilizar a indústria baiana, de forma que ela esteja alinhada às tendências globais ligadas à sustentabilidade e princípios do ESG.

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